segunda-feira, 23 de abril de 2007

Cadernos de Telejornalismo - TV Galega

Eduardo Pereira, Fernando Gonzaga, Paulo Castellain e Rebecca P. Gerndt.

O “Jornal de Blumenau”, exibido na TV Galega, vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 19h30min às 20h15min. Fundada em 3 de março de 1997 pelo jornalista Altair Carlos Pimpão e seu filho, engenheiro Carlos Eduardo Pimpão, a TV Galega (nome - GALEGA - inspirado no apelido pelo qual são conhecidas as mulheres de origem alemã na região) leva ao ar reportagens e notícias que refletem a realidade regional, suas dificuldades, seus problemas e suas conquistas. Porém, ainda não existem estudos que revelem o perfil dos telespectadores do “Jornal de Blumenau”.
Para definição de pautas o jornal leva em conta oportunidade de veicular a notícia, sua atualidade, proximidade (com os interesses locais) e a importância do fato.
O “Jornal de Blumenau” adota um estilo padrão de telejornalismo: tomadas em primeiro plano enfocando pessoas que falam diretamente para a câmera (sejam elas apresentadores, âncoras, correspondentes, repórteres, entrevistados, etc.), com um cenário de fundo, relativo ao acontecimento narrado.
A TV Galega (rede local) dispõe de um único telejornal noturno e que, por enquanto, não integra os canais da TV Aberta, restringindo seu sinal ao público da TV paga (por assinatura). Assim, a “imagem da cidade” entra somente nos lares de poucos.
Segundo análise de Olga Curado (2002), ao contrário dos telejornais matutinos e vespertinos, a edição noturna é o programa mais carregado com o factual, mas também obedece a certas regras, como ter três blocos e abrir com VT’s ou notas fortes e encerrar com matérias leves, num total de 16 minutos de programa.
Por não disponibilizar de edições anteriores (matutino e vespertino) o “Jornal de Blumenau” é carregado com matérias e notas factuais e uma entrevista ao vivo, num total de 32 minutos de programa, divididos em quatro blocos. Na análise de Curado (2002) esse esquema adotado pelo JB assemelha-se com a organização da edição matutina e vespertina, que também contém quatro blocos. Cada telejornal está de olho num público e o principal elemento para identificar a “cara” do programa é o horário em que é exibido.
A seguir, o espelho do telejornal do “Jornal de Blumenau” do dia 22 de agosto de 2006:
Escalada
Escalada com teaser: frases de impacto sobre os assuntos do telejornal que abrem o programa.
· Associação empresarial faz campanha pelo voto útil e para eleger candidatos da região.
· O Hospital Santo Antônio comemora os 146 anos de atividades.
· A APAE celebra o dia do excepcional.
· O símbolo do festival mundial da paz chega amanhã em Bnu.
· A equipe feminina de handebol continua na liderança da liga nacional.
· A delegação de Blumenau já está em Joaçaba para as disputas do Parajasc.

1ºBloco: O assunto mais forte abre o programa. Neste bloco estão as notícias e as chamadas mais fortes do dia, do ponto de vista local.
- Cabeça
- Matéria sobre campanha da Acib para o voto consciente. Com intuito de aumentar a representatividade política do Vale do Itajaí. (3 min)
- Cabeça
- Matéria sobre o Instituto Reagente, que atua na sociedade com o Projeto Redução de Danos que trabalha na prevenção do vírus HIV. (2min40seg)
- Nota: Escola Vidal Ramos recebe reformas emergências (novas salas e banheiros).
- Cabeça
- Matéria sobre a visita dos alunos ao quartel na semana do soldado. (1min40seg).

2º Bloco: Factual/Lapadas: imagens ou pequenas notas de acontecimento – alguns exibidos na edição vespertina e que não justificam uma edição mais longa. Podem ser reunidos em seqüência num único VT. (Mapa do tempo - previsão do dia seguinte).
- Cabeça
- Matéria sobre os 146 anos do hospital Santo Antônio e suas novas obras e instalações. (1min40seg)
Nota: Palestra com a responsável do Instituto Nacional do Câncer sobre doenças que podem ser evitadas com simples cuidados.
- Cabeça
- Entrevista com o Gerente de Programas e Ações Carlos Roberto Donner sobre a caminhada pela paz na rua XV. (3min08seg)
- Cabeça
- Matéria sobre várias atividades na celebração da semana do excepcional. O lema desse ano é “a sensibilidade é o caminho da inclusão”. (1min30seg)

3º Bloco: Esportes/ Comportamento/ Cultura.
- Entrevista ao vivo com o organizador do concurso “mini miss de Santa Catarina”, Dietmar Laber, e a atual miss, Beatriz Pereira Hoepfner. (7min30seg)

4ºBloco: Esportes/ Comportamento/ Cultura
- Cabeça
- Matéria: Atletas vão para Joaçaba representar Blumenau nos ParaJasc. (1min50seg).
- Nota: discussão sobre mercado de trabalho para o portador de necessidade especial. O Sine (Sistema Nacional de Emprego) quer tratar o perfil dos portadores que as empresas podem empregar.
- Cabeça
- Matéria: Entrevista com o técnico Sérgio Graciano, sobre a ótima campanha da equipe feminina de handebol de Blumenau na liderança da liga nacional. (2min10seg)



Paradigmas e classificações
Segundo os paradigmas de Ciro Marcondes Filho (2000), o telejornal contemporâneo prima pela força das imagens. Seu conceito para um bom telejornalismo está muito ligado à questão do “ao vivo”. O telejornal tem de provocar emoções, imagens que atraem, prendem, seguram o telespectador pela dor, entusiasmo, preocupação ou pela esperança.
No jornal acompanhado pela equipe, os paradigmas seguem, em alguns aspectos, o telejornal contemporâneo. Torna-se mais uma transmissão da captação da notícia propriamente dita. Sem grandes emoções e imagens que chamem o telespectador.
Quanto à classificação de formatos baseada no texto do autor Guilherme Rezende (2000), o telejornal analisado apresenta-se estruturado no gênero de jornalismo informativo. Mais especificamente, a abordagem das matérias segue o estilo do formato de notícia, com algumas notas apresentadas entre uma reportagem e outra e uma longa entrevista em estúdio, as outras entrevistas estão nas reportagens. Em todas as matérias percebemos que o tratamento visual segue o mesmo estilo. As imagens são captadas em plano médio quando pessoas são entrevistadas e o OFF é relacionado com as imagens da matéria respectiva. O jornal busca muitas entrevistas e algumas delas são feitas em estúdio.

1ª Matéria
Voto Consciente – campanha eleitoral 2006.
Foco: votos nulos, brancos e perdidos dos deputados.
(entrevistas com os candidatos)

2ª Matéria
AIDS – aumento de 150% nos casos de infecção de 2005 para 2006.
Foco: Instituto Reagente presta ajuda a pessoas infectadas e trabalha com prevenção.
(entrevista com o presidente do instituto).

3ª Nota
Reforma de caráter emergencial na escola Vidal Ramos.

4ª Matéria
Semana do soldado.
Foco: Patriotismo. Mais de 200 crianças visitaram o quartel e assistiram a apresentações.

5ª Matéria
146 anos do Hospital Santo Antônio.
Foco: Comemoração e conquistas como a ampliação do hospital e o resgate histórico.

6ª Nota
Câncer
Foco: Evento na FURB, palestras de educação e prevenção.

7ª Matéria
Chama da Paz
Foco: Em Blumenau as escolas estaduais levam a “chama” e fazem apresentações em simbolismo da Paz. Resgate histórico.

8ª Matéria
Semana do Excepcional
Foco: acessibilidade e paralisia – Blumenau.

9ª Entrevista em estúdio
Concurso Mini Miss etapa regional, no teatro Carlos Gomes.

10ª Matéria
Esporte
Foco: PARAJASC. Preparação dos atletas e saída dos participantes de Blumenau.

11ª Nota
SINE
Foco: palestra sobre empregos para deficientes.

12ªMatéria
Esporte
Foco: time de handebol feminino de Blumenau, quatro vitórias.
(entrevista com o técnico do time).

Equipe do telejornal “Jornal de Blumenau” da TV Galega
Apresentação: Silvia Nowalski
Reportagens: Jorge Theiss/ Suzamara Bastos/ Rosalvo Moreira.
Câmeras de externa: Jadir de Amorim / Leonardo Danezi.
Teleprompter: Andreison Hofschneider.
Iluminação: Tuneca.
Câmera de estúdio: Ceneri Marcos Fernandes.
Áudio/GC: Sérgio José Henrique
Direção de TV: Wilson Roberto Gutz
Jornalista Responsável: Silvia Nowalski

Comentário geral da equipe:
O uso de matérias e notas factuais está correto. Não há necessidade de lapadas por não haver edições anteriores do telejornal. No entanto, a previsão do tempo não aparece em nenhum dos blocos, mesmo sendo uma informação importante que é fornecida pelo concorrente.
A entrevista sobre o concurso “Mini Miss Santa Catarina” foi muito mal abordada, uma vez que não houve reportagem ou imagens para ilustrar o tema.
Um bom recurso visual na matéria, fora o uso de mapas e desenhos, pode ser a escolha de um bom lugar para entrevistar a fonte.
No segundo bloco, a repórter Suzamara Bastos entrevistou o Gerente de Programas e Ações, Carlos Roberto Donner, sobre a caminhada pela paz na rua XV. Entrevistadora e entrevistado estavam na calçada em frente à própria TV Galega, que poderia oferecer um cenário menos desconfortável para a falação de mais de 3 minutos.
No quarto bloco o repórter Jorge Theiss conversou com o técnico de handebol Sergio Graciano sobre a belíssima campanha do time blumenauense na liga nacional. A entrevista poderia ter sido feita num horário de treinamento, dentro do ginásio, com as atletas ao fundo. Quem sabe poderia até ter falado com as meninas. Poderia ser em qualquer outro lugar, ao invés do estacionamento de um condomínio.
Numa outra reportagem, Jorge Theiss usa palavras com a mesma terminação, fazendo uma rima não proposital. Em outra, comete o mesmo erro na deixa inicial e é redundante.
1. Camisas, adesivos e materiais informativos (...) (Matéria Acib).
2. Eles são curiosos e atenciosos, prestam atenção em tudo (...) (Se eles são atenciosos é porque prestam atenção) (Matéria Quartel).
- Rimas e palavras com a mesma terminação devem ser evitadas por causa do efeito sonoro das frases. É aconselhável procurar sinônimos para as palavras. O texto de TV deve ser entendido de forma instantânea pelo telespectador. Em todas as matérias a informação visual combina com a informação auditiva. O texto dos repórteres é objetivo e tem o estilo coloquial.

O telejornal foi finalizado com matérias leves, correto.


Bibliografia:
BARBERO, H. & DE LIMA, P. R. Manual de telejornalismo. Rio de Janeiro, Campus, 2002.
CURADO, O. A notícia na TV: o dia-a-dia de quem faz telejornalismo. São Paulo, Alegro, 2002.
MACHADO, A. A televisão levada a sério. São Paulo, SENAC, 2000.
MARCONDES, C. Comunicação & Jornalismo: a saga dos cães perdidos. São Paulo, Hacker, 2000.
REZENDE, G.J. de. Telejornalismo no Brasil: um perfil editorial. São Paulo: Summus, 2000.

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